quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Maria sempre fizera o mesmo trajeto. Toda vez que ela passava por aqui, tinha muitos olhos acompanhando-a até o fim da esquina. Ela realmente chamava atenção.

Maria era linda. Com seus saltos nos pés, e cabelos ao vento, ia sempre caminhando às pressas para algum canto. Seu olhar sempre fora cauteloso e triste. Com tanta beleza que tinha, tinha somente os olhos tristes; Tinhas justamente os olhos tristes. Tinha olhos de Maria.
Não via Maria falar com ninguém, não cumprimentava ninguém, não conhecia ninguém. E ninguém a-conhecia. Era sempre muda; Ela e sua bolsa: Maria falava com os olhos, e a bolsa falava com sua “cheiura”.
Carregava sempre uma bolsa cheia, gorda. E toda vez que eu a-via, saltava-me os olhos de curiosa. Essa curiosidade na verdade eram somente perguntas inconscientes: Como ela conseguia cuidar tão bem de uma bolsa tão cheia? Por que uma bolsa tão cheia? E enfim, aonde ia Maria?
Maria sempre fora um mistério para quem a-acompanhava ao passar. Divulgava pouco de sua vida. Não se mostrava, nem fazia barulho. Escutava-se pouco de Maria. Pouco mesmo. Por uma vez, ouviram seu espiro. Mas espiro, é só um espiro. O único barulho que Maria fazia, era de seus sapatos de saltos altos.
E cada homem que a–via, alimentavam suas fantasias. Alimentavam suas carências. Diziam que Maria era solteira. Diziam que Maria era de todos. Diziam que Maria era tímida, que era séria demais. Que era bruxa, que era santa. Diziam! Contaram várias histórias dessa moça e de sua bolsa. Mas eram histórias.
Tentava nos meus raros observares, desvendar o mistério de Maria...
Era mais ou menos assim: Lá vai ela; linda e bela! Com sua bolsa carrega o mundo. O seu mundo. O mundo que está sempre preparado para mudança; seja de tempo ou de humor. O vento no cabelo tentar mostrar teu rosto, mas ela, que anda depressa, deixa somente o olhar triste para tudo que vê, para tudo que passa. Passa com seu toc-toc e deixa o “ar de felicidade” para os outros. Felicidade distinta, obscura. Mas aqueles olhos que não me enganam e que me diz tudo; Me diz tudo o que ela não fala, o que ela não diz. Vai vivendo com sua bolsa os seus segredos, mas eu sei.. Eu sei!
: Maria tem um nó na garganta e não é feliz.

Um comentário:

Anônimo disse...

vixe Maria!

beijo.