segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Hora do intervalo

São 12:15 pm. É hora do almoço; a hora do intervalo. Enquanto todos caminham para lá e para cá enfurecidos de fome, sento-me no banco da praça.
Vejo todos formarem a multidão: cabeças tão cheias, cabeças tão vazias, alguns bolsos cheios e outros muitos vazios caminham por aqui.
É hora do almoço, do intervalo. Enquanto uns estão comendo, vejo gente aqui do meu lado, sentada e outros, jogados tendo fome e me pedindo um cigarro. Pedindo-me somente um cigarro. E vejo gente comentando dos programas da televisão. E vejo gente comentando do tempo. Ah, o tempo! O tempo é sempre muito assunto para quem não tem nada a dizer.
Tenho exatamente uma hora. É pouco tempo. Uma hora é pouco tempo para quem precisa de muito, para quem precisa de outra vida para suprir o tempo que preciso. E é nessa hora de pouco tempo, enquanto todos então loucos e cheios de nada, que reflito. Reflito sobre tudo! E sobre o nada! Reflito: eu e meu cigarro sobre as coisas, sobre todas as coisas e todas as outras coisas.
Eu conto minhas moedas, e não consigo das ‘esmolas’. Eu conto quantas pessoas vejo aqui, e não consigo vê-las. Eu conto o mundo; Eu conto o mundo em uma hora.
Minha alma se exprime embutida na miséria e na luxúria. Tento ser livre nesse tempo. Mas liberdade é pouco para o que eu preciso. No meio desse povo, tenho sido qualquer uma. Qualquer uma sentada no banco da praça, vivendo a hora do almoço.