quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Tudo que está fora

Desculpe-me a demora. Com o suspiro de conforto, fecho os olhos e ainda durmo agita. Pouco a pouco começo a fazer a seqüência adequada aos pensamentos. Não que haja a seqüência certa para pensar. Mas talvez, devido à insistente passagem do tempo, tento sempre organizar-me antes de literalmente dormir. O tédio sempre faz parte dessa organização. E talvez seja por isso que a passagem desse tempo seja tão às pressas, que quando me dou conta, já é quase de manhã.
Havia me esquecido de concretizar que tenho uma responsabilidade maior, pela qual sonhava há certo tempo. Voltei a estudar, - E pretendo certamente, me formar.
É engraçado esse meu modo de ver as coisas e as coisas: Naquela sala tão imensa, algumas cabeças tão cheias de nada, e outras tão vazias de tudo. Agora, estou eu entre elas. E sinceramente não sei qual o ponto de vista sob minha cabeça; Mas também não vem ao acaso. A quantidade de pessoas num único lugar me ‘assusta’. E me pergunto: Será que todas estão no mesmo pretexto? 'Ser um igual'.
Pela falha humana, ainda é cedo para falar que a escolha foi errada. Creio que não!
Quer dizer: cada um que faça ao teu modo.
A tentativa de viver mais intensamente as coisas leva-me numa espécie de constante observamento. Que eu seja retardada demais, e ao invés de afundar um pé, vão se os dois.
Quando há trinta dias que não chovia, e quase não respirava, agora, não pára de “molhar a terra”. A beleza é bonita na teoria, na prática é contraditório.
A cidade pára, quando chove. A essa altura, não sei mesmo o que é pior: a terra, a cidade, o ar e o mundo inteiro ressecado ou quilômetros de congestionamento de carros, ônibus, motos, pessoas e água? Bem, parece que quando chove, é tudo bem pior. O que deveria existir seria o equilíbrio entre ambos.
O difícil mesmo é assistir a repercussão de nosso mundo e acreditar que ainda possa existir equilíbrio. E por falar em acreditar, estou há quase duas semanas tentando fazer uma coleta de lixo seletivo em casa; separar ao menos o lixo orgânico - do papel, plástico e derivados.
Confesso que essa tentativa está insistente mais do que deveria.
É complicado, porque de certa forma é uma re-educação. Mas a complicação toda ocorre porque existem pessoas que já possuem seus hábitos, seus costumes e educações.
Bem, elas nunca se lembraram de obedecer, tentando ser ecologicamente correto.
Mas ainda persisto e vou modificando.
Daí, fui obrigada a pensar:
Intolerável tudo isso! Por causa de falhas e acomodações como esta, a educação ou a falta dela, somos assim, manipulados. É claro que se começarmos a pensar melhor e a entender melhor, a manipulação não deixará de existir. Na verdade, com isso tudo a idéia não era compreender. O fato deixa de ser um fato. Não podemos culpar a ausência da ciência.
Mais que por um lazer, envergonha-me até dizer, mas direi: esvaziei algumas garrafas essa semana. E me pergunto para onde está indo todo esse liquido que ingiro, porque aos poucos meu corpo será ‘bebido’.
Inteiramente surpresa, recebi a visita de uma boa companhia, e já que não havia nada a se fazer, praticamos aquilo que batizamos de nadismo. Essa palavra não existe no dicionário, mas assim passamos uma tarde; Olhando pro céu, para as coisas e para o nada!
E o tempo passa mesmo às pressas. Um pedaço de mim ficou mais homem. E a dádiva eterna se mantém por ser mais que um irmão. Mal sabíamos que iríamos encher a cara no fim de semana sozinhos, e rirmos dos outros e de nós mesmos.
Nada mais a dizer!
É que em minhas noites agitadas ainda me encanto com aqueles novos olhos. O brilho daqueles olhos me toca fundo e eu com minha palidez toda, não tenho essa coragem de dizer.
A coragem se perde entre tantas outras vontades, e outras linhas. Aquele que ainda me atormenta na indecisão de estar ou não, mesmo na idéia de estar colaborando involuntariamente com uma mentira. Atormento maior começa agora, de tantas as coisas a fazer, a pensar, a escrever e organizar.
As vezes duvido de mim. E na maioria das vezes desisto de tudo que acreditei na busca constante de novos conhecimentos e aprendizados. Talvez seja mesmo errado essa minha forma de ver o mundo e seus conceitos, onde meus conceitos se opõem daquilo tudo que era. Talvez não era para ser assim. Talvez esse testemunho seja insignificante e talvez como um espectador, seja mais insignificante ainda.
A luta inútil de meu coração que trava por tudo aquilo que não pertence ao meu mundo.
E ainda me pergunto se é possível não enfiar o pé na jaca?
Bem, isso é uma coisa que me enche de culpa. E fico culpada. Um copo sempre pede mais outro, que pede mais uma garrafa e mais uma, e mais tantas outras. Sem ignorar obviamente a saideira. Eu sei e você sabe que ela leva no mínimo três horas. Depois da culpa toda, ainda queremos cafuné.
Isso tudo nos leva numa melancolia interna. De repente dá vontade de mudar o mundo, e dá vontade de cortar os pulsos, porque existe ditadores no poder; Porque terroristas ganham cada vez mais adeptos; Porque cidades inteiras são riscadas do mapa pela fúria da natureza. Porque ainda centenas de milhões de pessoas vivem abaixo da pobreza absoluta e porque surgem novas doenças.
Mas é feio assumir a preguiça do mundo pensar melhor e deixar a vontade de tacar pedras passar.
E este é o retrato do mundo que vivo?
Claro que não.