quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O vaso e a Rosa

Como querias dizeres ainda a vos, o que sinto por você. Mas bem, que essa colocação não foi bem feita.
Começo minha poesia na falha, entre erros, entre acertos, concertando e desconcertando todas as minhas linhas, as minhas letras, a minha vida. Começo errando no acerto de meus versos alvorás, sagaz e fortemente sensíveis.
Começo, e erro.
Erro meu!
Como queria ainda tocar-te em teus lábios, e sentir a brisa leve em nossos rostos junto ao teu abraço; os pássaros a cantar depois da chuva; sentir o cheiro bom das plantas depois de um temporal, e ver finalmente os pássaros voar. E você, em meus braços apenas.
Mas voam-se esses pássaros mesmo sem tocar-te aos lábios juntos aos meus. Voam, por que tu quebraste o vaso raro de porcelana atraente e sedutor que construístes, e eu aos meus bons e doces versos, e sutileza de minha calma esplendida natureza, acreditei na rosa que carregava.
Acreditava-me, que essa rosa seria perfeitamente colocada em seu vaso raro de porcelana. Você, que entende tão bem das artes e das histórias delas e de toda arquitetura, esquecestes que as rosas surgem, nascem... brotam seus botões belos e suaves... abram-se naturalmente as suas pétalas aveludadas até ficarem no seu equilíbrio de beleza plena. Esquecestes que para manter tal rosa, é preciso acompanhar, entender de seu mundo e aceita-lo. Não há como alterar a natureza da rosa vermelha fervendo luxúria, beleza, delicadeza, elegância, calmaria e espiritualizando todos os ambientes. A rosa, se não acompanharmos... se não colocarmos água nela, se não vermos ela florir e se deixarmos sozinhas, ela murcha; Ela morre.
E enquanto ela ia florindo calma e bela... com suas pétalas abrindo-se perfeita, com suas frescuras, você abandonou-a, quebrando o raso de porcelana raro que ela pousaria em paz, o vaso puro e raro... Simplesmente raro!
Antes que ela morresse lá, estirada ao chão, derramando suas gotas, soltando suas folhas, suas pétalas cheirosas e aveludadas... murchando aos poucos; perdendo a cor, a beleza, a delicadeza, pedendo a vida, eu quebrei a rosa! Arranquei seus espinhos, suas pétalas, seu botão... joguei ao ar todo o seu pólen.
Erro meu! Erro meu! Erro meu! Saberes bem. Mas suportar a morte de uma rosa em lento suicídio, não há ninguém de suportar essa dor.
E voam-se os pássaros saindo dos galhos das árvores depois da chuva...
E depois da chuva... sempre há sol... e depois da chuva... como eu queria ainda... e depois da chuva... e depois da chuva... danço sozinha e em paz... e depois da chuva... o vaso raro quebrado em sua vida, e a rosa vermelha quebrada em meu coração. Depois daquela chuva, pétalas e porcelanas quebradas, pedaços que não juntam-se mais.

domingo, 4 de outubro de 2009

"En face"

Confie em ti, caia em si.
Caia em si, confie em ti.
Confie em ti e caia em si.
Confie e caia em ti...
Caia e confie em si...
Confie e caia; caia e confie.
Confie...
se não possa-se por aí cair...
Caia...
se não, não passará a confiar.