domingo, 31 de maio de 2009

A morte

Todo mundo sempre morre. Agora, estou ouvindo uma música: Ava Adore. Ela me deixa bem viva. Viva e livre. É uma música triste. Acho que quem a-escreveu estava morrendo. Mas ela, a música é bem viva.
Existem momentos em que até acordar é estar morto.
Eu não sei por quanto tempo estarei viva. Mas enquanto estiver, quero estar bem viva. Vivendo. Mesmo que supostamente morta, mas nunca artificial. Se bem que não sei mais quais das minhas vidas está vivendo aqui, agora, ou qual viveu ontem. Ou semana passada. Ou pior, ano passado. É que muitas das vezes, encarna uma outra de mim, em mim mesma, como se fossem aquelas bonecas russas, uma dentro da outra, sem saber qual é a que nasceu primeiro. E muito menos saber qual será a última a morrer.
Morre muitas vezes a esperança de um mundo melhor. Morre, por que muitas das vezes só dão vida a aquilo que já nasceu morto. Ressuscitam sem porque o que é vácuo por natureza. É que na verdade, há um por que. Sempre haverá.
Ás vezes encontro-me morta junto com a televisão, tentando encontrar naquele vazio extenso algo para distrair. Isso sempre acontece quando esqueço que eu sou a própria distração, ou quando me sinto igual a quem escreveu a letra de Ava Adore, triste.
Aliás, é ai que a tristeza morre. Não me atrevo a cavar mais ainda um buraco para o qual eu nem serei enterrada. E Ava Adore, me deixa livre. Liberta.
E na repetição das sílabas, monossílabas e cassílabas morre minha validez. Morre por que acendo um cigarro para pensar melhor e deixar tudo com um gosto bom; E fica tudo ruim, morto. Por que pago caro para esse gosto que não vale para o bolso dos outros. Mas para o meu, cada vez mais vazio. Onde contar moedas é quebrar a cabeça.
E morre de novo. Morre junto com o quebra-cabeça que é essa vida.
Não estou aqui para decifrá-la. Não é a missão de ninguém. Mas a guerra que é nosso corpo e nossa mente é a pior de todas as guerras já vista. Agora mesmo, tive um momento de guerra em minha mente, pois na verdade não sei qual de mim escrevia. E não sei qual de mim ouvia Ava... Ouvia como se estivesse sendo a própria música; Em algum canto desse mundo que ainda não foi morto pelo trânsito, e que se consiga conduzir o veículo com velocidade. Com alta-velocidade. E o vento batendo no rosto. Os óculos escuros, tentando proteger os olhos, e os cabelos sendo bagunçados naturalmente pelo vento. Cabelos ao vento na alta velocidade. Liberdade.
Liberdade é estar vivo. Mesmo que a música Ava Adore toque apenas em meu eletrônico e para os meus ouvidos, estou viva; liberta; vendo a todos que morre. Lentamente morre. Todo mundo sempre morre. A música também acaba.