segunda-feira, 28 de julho de 2008

Se eu era inteligente, eu não sabia

Não pude esperar! Estava morrendo de cansaço, isso desde meus erros cometidos e minhas preocupações em genuidade. É que esperar é quando se aguarda por algo que pediu, ou que foi pedido. Não tendo muito que fazer, faço sempre uma espécie de exame, que pode ser chamado de exame de consciência ou de auto-exame.
Para me divertir, e divertir-me, lamento não só do que posso questionar e reclamar, mas lamento daquilo que era uma descrição e por acaso se corrompe no que parece todos os dias.
Como sou o contrário, para inventar tudo aquilo que não quero, aproveito a façanha para confessar-lhes algo: Sou alcoólatra. Por surpresa, não divulgo simultaneamente um sorriso vago. Tenho mostrado uma cara feia, de raiva, de raiva e de raiva. Tenho me entupido da fumaça de meu trago, andado mal humorada e desta vez meu mau humor tem sido constante. Desta vez também, não deveria contar, mas não quero mais segredos, porque é como se eu soubesse toda a verdade e finjo-me de ingênua para pegar o encantamento de algo que apenas seria.
A verdade, é que chateio comigo mesma, e para às vezes escapar abro garrafas e encho o copo. O chateamento maior, não é desse espírito e estilo de vida que tenho tomado. Nos últimos setes dias, foi-me bizarra as histórias por qual vivi.
Eu só queria beber todo mundo e só não queria ser ninguém hoje. Mas sou. E ainda sou. E ainda sei que a cura para os males da vida e para a vida caótica não entra nesse copo.
Confusos, perturbados seguimos como se de modo assim devêssemos ser.
Triste essa minha abstinência para um mundo melhor. Tento contar toscamente, mas nem sempre sei dizer. Concentrada naquele rosto que me distraiu e quase sem pensar – era tão bom. Mas a realidade é outra.
Depois de reunir a boca num beijo de uma tarde tão bonita, onde o sol transformava e a vida ali naquele instante inteiramente nova, e inteiramente velha.
Num equilíbrio frágil, eu era a outra; a substituta. Se for isso que os - tornam mais homens. Logo então me sinto menos mulher. Logo me sinto mais mulher. Que logo me encho.
O coração batendo fundo, sozinho no meio dos outros, não fora recentemente esse acontecimento. E me assusta recordar-me do anterior a este, como uma estátua de mulher em pedra, isso nunca tinha me acontecido.
Tenho me sentido mal. Minha cara e meu corpo inchado. Meus impulsos repetitivos. Confusa nessa inocência corri para o abraço e abri mais uma garrafa.
Talvez, o espaço em branco, ainda seja mais espaço, e ainda seja mais branco. Essa semana, por instantes (e pouco, digo) alimentou um pouco os meus sonhos. É que num dia estava empregada e no outro, meu caminho foi incerto para ter que esperar.
Não pude esperar! Daí, o engraçado foi ter que me virar. Mas me viro bem! Não sempre, mas encarno-me. Essa minha mania de prestar atenção demais nas coisas em algum tempo, de observar, acaba sendo voluntariamente uma intrusão de um possível mundo. Mas vou conhecendo casualmente em meus deveres, e em meus possíveis prazeres. Com o ponto-de-vista agora talvez mais prático, fico paciente. Perigosa é essa coisa do observar, pois sempre termina na sua própria auto-acusação. Com curiosidade procurarei não imaginar mais nada, para não arcar com o peso. Se isso é fino, começo sentir.
Hoje e ontem eu não fiz nada, e também não fui nada. Daquilo que não cumpri porque perdi a hora e dormi um pouco mais. Não como uma desculpa, mas talvez porque na noite anterior tinha posto à mesa com uma sóbria companhia mais uma garrafa.
O telefonema que eu recebera daquele que salvaria minha noite deve ter se desmotivado com o tom de minha voz. Espantei-me com o que vi na televisão. De um perfume cujo cheiro não é tão discreto imediatamente fumei!
Alimentei a fé no resto de domingo vago assistindo desta vez a celebração do padre. E também desta vez sem o álcool. Gozado que quando pus os pés na igreja, a primeira coisa que pude pensar e solicitar ao papai do céu foi sabedoria.
Essa vida tão mal intencionada e tudo que quero é sabedoria. Talvez precise conversar mais com Deus. Ou talvez, devamos imprimir em cartazes bem grandes a esperança por uma moral.
Talvez devamos também prosseguir viajem.
Percebo que nunca fui eu própria, e tenho sido essas encarnações e intrusões aí ditas. Mas percebo também que não é só isso: É que não sou uma pessoa.
E quando esses meus fantasmas me tomam, esse encontro é uma festa, que choramos uma no ombro da outra.
Agora sou pálida, com uma pintura nos olhos, piso mais forte descalça ou com os saltos. Isso é o que parece. Isso é o que pode parecer. Isso é o que parecia. Inútil! Revolta contra o que me tornei. E essa minha tal força usada pra ser frágil.
Não, eu não estou!