domingo, 22 de agosto de 2010

O estranho

É assim. Estranhamente assim. Como se bichos selvagens se encontrassem na insanidade dos dóceis insetos. Insetos rodantes, viajantes, como marias cheias de flores, todas elas sem cores, somente o preto e o branco do arco-íris sem íris que se desfaz. Estranhamente, patas de grilos jogados no canto do quarto escuro, no fundo, no fundo do mundo, o quadro – o retrato e a lembrança pendurada na parede descascada de cor bela azul. Na vagues dos móveis, memórias de vidas secas, vazias, urgentes e numa rezaria incerta e sem rumo. É quase sempre assim, é assim, consomem-se e somem, sem ter-lhes a própria alma; Mas calma, a poeira é caminho, lhes mostra no quarto sem janela e sem qualquer objeto, como seguem os trançados das teias das aranhas cheias de façanha por tentar entender de onde vem o começo e para o vai o fim. Pois bem, assim, é assim. Estranhamente migalhas de pão ao chão da porta sem fechadura, sem armadura, e na vida, todos sabem, mas na verdade a vida não é dura; Enganam-se quem acha, pois bem, essa vida passa, tão mole e de graça. A alma não se engana, migalhas, baratas, cascalhos, buraco tão fundo, tão ralo, no meio embaixo, no escuro... escuro.. claro, claro... e no claro do mundo. Você tão perto, tão longe. És meu, és inteiramente seu, essa vida agora te apresento com toda a sinceridade de meu mundo, a vida não foi, e principalmente não será. A vida, simplesmente é. Você também é. Você é, e misterioso ao seu modo termino minha poesia: Amar sempre é; Estranho a emoção, mas é assim, eu amo-lhe.