domingo, 27 de dezembro de 2009

Reflexão Natalina

O Novo Passo em falso

Como nada muda da noite para o dia, o guerreiro dá um novo passo em falso e mergulha mais uma vez no abismo. Os fantasmas o provocam, a solidão o atormenta. Como agora tem mais consciência de seus atos, não pensava que isso fosse tornar a acontecer.
Mas aconteceu. Envolto pela escuridão, ele se comunica com seu mestre.
“Mestre, caí de novo no abismo”, diz. “As águas são fundas e escuras”

“Lembra-te de uma coisa”, responde o mestre. “O que afoga não é o mergulho, mas o fato de permanecer debaixo d´água”.


P.C

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sem poesia

Perdi minha poesia. Procuro-a em uma dessas esquinas, e saio passo a passo como soa o som desse piano... e saio, rodopiando, rodando, para lá e para cá como bailam as bailarinas.
Procuro a poesia que não tem cor ao certo. Possa-se ser violeta e amarela... como os encantos das flores. Possa-se ser sem cor alguma, e na ausência total de cores, possa-se ser negro, preto. Ou simplesmente vermelho fervendo, cheio de morte, cheio de vida.
Ah, não. Essas cores têm muita é vida, e sei bem que minha poesia não caberia nessas vidas.
Poesia preta, branca, sem cor; sem vida. Em silêncio, mudo, como filmes antigos.. atentos. Poesia sem imagem. Sem desdenho algum. Sem cheiro; sem destinatário, sem remetente; poesia aversa... ausente.
Procuro-a como um dono do cão perdido, salientado de sua dor e saudade. Obstinado no que viveu. Procuro a poesia que não há como sentí-la, somente viver-se-a. Vive-se a poesia. Vive-se a vida. Procuro-a por que sei que estou ausente de mim mesma. Estou eu, ausente de todas as cores, os cheiros, os endereços, os sentimentos. Estou somente como as teclas do piano...
.. passo a passo. Nota por nota, atenta, com pressa. Faço barulho no piano, faço barulho... acelero os passos, as notas, a mão não descança nesse teclado. O preto e o branco. Por pirraça, procuro às pressas, acelero as notas, procuro a poesia. A poesia bailarina. Rodo, rodo ... para lá, para cá, e para todos os lados. Padam, padam, padam... padadam.. padadam, pada, pada pada padadam, padam.
Perdi minha poesia, e ela se perdeu em mim.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sempre Clarice

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

"A palavra é o meu domínio sobre o mundo."

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

"Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós."

"E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar."

C.Lispector

domingo, 29 de novembro de 2009

A vida, segundo Charlie Chaplin

"A coisa mais injusta sobre a vida
é a maneira como ela termina.
Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida
está de trás pra frente.
Nós deveríamos morrer primeiro,
nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo,
até ser chutado pra fora de lá
por estar muito novo.
Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.
Então você trabalha 40 anos
até ficar novo pra poder aproveitar a aposentadoria.
Aí você curte tudo, bebe bastante álcool,
faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai pro colégio, tem várias namoradas,
vira criança, não tem nenhuma responsabilidade,
se torna um bebezinho no colo,
volta pro útero da mãe,
passa seus últimos nove meses de vida flutuando...
e termina tudo com um ótimo orgasmo.
Não seria perfeito?"



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Do amor

Estou louca, cheia de sonhos a construir, mas sozinha já não posso mais, por que simplesmente não posso. Perplexamente não posso! Há os que desistem. Ainda não desisti, mas só por que escrevi uma vez... querem que eu escreva sempre. Oras! Vocês nem sabem como essa vida cá, é um tanto solitário. Vocês nem sabem que minha urgência para o mundo é tanta, que já nem sei mais o que é que é urgente. Acredito que o amor seja mais urgente. Amor nesse mundo tem pressa. Mas sempre chega calmamente... é a tal “senhora calma, atenta e tranqüila”. Amor chega inocente e paciente. Exigem do amor, e nem ao menos sabem dar-lhes dele. Amar exige inocência e paciência. Receber do amor então exige uma capacidade que nem sempre se tem. Estou louca; estou perplexa; estou cheia de sonhos; estou como criança boquiaberta, inocente e esperta. Ah, do amor só sei que é dar de presente um ao outro. Ah, estou paralítica e muda. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa.

sábado, 17 de outubro de 2009

Dia de Cólera

Já não sei mais desfrutar de minha alma. Agora consciente, perco-me nas linhas, nas letras; na poesia. Quando o amor é demais torna-se inútil. Da próxima vez, vou amar menos; vou dar-me menos; vou acreditar menos. Não, isso não é uma lástima ou mais uma nostálgica carta de amor. Não, não é carta; não é amor. É cólera. É cólera demais cortando minha ira, minha sina, meus sonhos, meus conceitos, minha beleza e minha feiúra. É cólera cortando minha natureza. Exigem do amor, e nem ao menos sabem dar-lhes dele. Dar do amor exige cautela, exige algo que poucos possuem: Inocência e paciência. Receber do amor então, exige inocência e paciência em dobro. Amar, porém exige algo mais peculiar e grandioso: não se esperar recompensas.
Já não posso mais desfrutar: O padre perdeu a fé. Eu perdi a fé, e ela deve estar em mais uma dessas esquinas, mendigando por comida... por fome, por amor, pedindo troco... pedindo o teu troco para comprar a dose que irá esquentar-me nessas noites de frio a fora. Ou deve estar pelas ruas imersas e escuras roubando; roubando o que não tem. O que fé não tem? Não consigo nem ao menos desenhar ou descrever como é que é a fé. A fé deve ser como uma velha senhora... Atenta, calma e paciente a encontrar-se com a luz no fim do túnel. Mas é difícil. Não consigo... e não sou ainda essa senhora, só estou sem fé alguma por aqui e por hoje. Isso é por hoje, por que por amanhã, já não sei. Amanhã muda. Não ficarei muda, espero, quero. Muda sim... já sinto o cheiro... já sinto o cheio daquilo que é o nosso principal proposto: viver-se a vida. Mas enquanto o cheiro não está aqui, enquanto a mudança ainda vem... Estou aqui no escuro. Sendo o olho do escuro; sendo o próprio escuro; tendo o escuro dessas ruas imersas e sub-escuras. Estou como mais um corpo alvorás, entre carmas, entre cigarros, entre o vinho e a boa e velha amiga. Ah, já não consigo nem desfrutar novas amizades. Já não consigo nem contar e alegrar-se do que é novo. Sou a velha menina nostálgica que caminhava despercebida. Caminhava; Agora... nessa cólera, fiquei paralítica, parada, como as estátuas que vejo por aí. Como as imagens que estão nos templos registrando os momentos.
Não sei desfrutar mais de minhas palavras. O texto que li chamado “Dies Irae”, para minha amiga, desfruta muito mais de mim, do que eu mesma. Perfeitamente fala o que sinto; o que penso e o que estou: Em cólera absurda. Alias, é como se eu o tivesse escrito. Eu o escrevi. Sinto isso, vejo isso, leio isso, e Clarice Lispector, minha musa da literatura que me perdoe, mas “hoje sou a paralítica e a muda. E se tento falar, sai um rugido de tristeza. Então não é cólera apenas? Não, é tristeza também”, pois já não sei mais desfrutar de minha alma.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O vaso e a Rosa

Como querias dizeres ainda a vos, o que sinto por você. Mas bem, que essa colocação não foi bem feita.
Começo minha poesia na falha, entre erros, entre acertos, concertando e desconcertando todas as minhas linhas, as minhas letras, a minha vida. Começo errando no acerto de meus versos alvorás, sagaz e fortemente sensíveis.
Começo, e erro.
Erro meu!
Como queria ainda tocar-te em teus lábios, e sentir a brisa leve em nossos rostos junto ao teu abraço; os pássaros a cantar depois da chuva; sentir o cheiro bom das plantas depois de um temporal, e ver finalmente os pássaros voar. E você, em meus braços apenas.
Mas voam-se esses pássaros mesmo sem tocar-te aos lábios juntos aos meus. Voam, por que tu quebraste o vaso raro de porcelana atraente e sedutor que construístes, e eu aos meus bons e doces versos, e sutileza de minha calma esplendida natureza, acreditei na rosa que carregava.
Acreditava-me, que essa rosa seria perfeitamente colocada em seu vaso raro de porcelana. Você, que entende tão bem das artes e das histórias delas e de toda arquitetura, esquecestes que as rosas surgem, nascem... brotam seus botões belos e suaves... abram-se naturalmente as suas pétalas aveludadas até ficarem no seu equilíbrio de beleza plena. Esquecestes que para manter tal rosa, é preciso acompanhar, entender de seu mundo e aceita-lo. Não há como alterar a natureza da rosa vermelha fervendo luxúria, beleza, delicadeza, elegância, calmaria e espiritualizando todos os ambientes. A rosa, se não acompanharmos... se não colocarmos água nela, se não vermos ela florir e se deixarmos sozinhas, ela murcha; Ela morre.
E enquanto ela ia florindo calma e bela... com suas pétalas abrindo-se perfeita, com suas frescuras, você abandonou-a, quebrando o raso de porcelana raro que ela pousaria em paz, o vaso puro e raro... Simplesmente raro!
Antes que ela morresse lá, estirada ao chão, derramando suas gotas, soltando suas folhas, suas pétalas cheirosas e aveludadas... murchando aos poucos; perdendo a cor, a beleza, a delicadeza, pedendo a vida, eu quebrei a rosa! Arranquei seus espinhos, suas pétalas, seu botão... joguei ao ar todo o seu pólen.
Erro meu! Erro meu! Erro meu! Saberes bem. Mas suportar a morte de uma rosa em lento suicídio, não há ninguém de suportar essa dor.
E voam-se os pássaros saindo dos galhos das árvores depois da chuva...
E depois da chuva... sempre há sol... e depois da chuva... como eu queria ainda... e depois da chuva... e depois da chuva... danço sozinha e em paz... e depois da chuva... o vaso raro quebrado em sua vida, e a rosa vermelha quebrada em meu coração. Depois daquela chuva, pétalas e porcelanas quebradas, pedaços que não juntam-se mais.

domingo, 4 de outubro de 2009

"En face"

Confie em ti, caia em si.
Caia em si, confie em ti.
Confie em ti e caia em si.
Confie e caia em ti...
Caia e confie em si...
Confie e caia; caia e confie.
Confie...
se não possa-se por aí cair...
Caia...
se não, não passará a confiar.

domingo, 27 de setembro de 2009

Sur L'amour

Ora, embelezada, poetizada, sempre rigorosa na concordância da idéia e meus valores, e seus valores e todos os valores, revisto-me sempre em palavras grossas e profundas.
Entre tanta coisa profunda, nada influência mais profundamente ao homem de sentir. Assim, mesquinhadamente aparando resíduos robustos, demonstram agora os nossos seres, a abundância em seus princípios, a originalidade, o poder decisivo da ‘coisa’ e o amor.
Ah, é assim... o amor..
Tudo isso se aplica aos nexos alvorás que nossa modernidade de vida nos traz. Sinceramente, compreender e representar a incerteza para um amanhã, entender tendências, modismo, cultura, economia, política, pobreza e miséria está fora da realidade do amor. Devemos talvez encomendar a realidade para reforçar a idéia e todas as palavras disfarçadas.
Ora, erro meu mais uma vez! Inovador esse nosso mundo moderno, rápido demais, atualizado demais e mundinho demais para um mundo cheio de amor.
Seria realmente belo acolher essas palavras com extremo carinho e compreensão; Creio que possa ser poético, cheio de símbolos, do renascentismo, do romantismo e do gótico romântico... ah, perco minha poesia, minha concordância, meu valores e toda a minha profundeza.
Quem sabe o amor esteja numa incomparável finura das antenas das joaninhas, e quem sabe, possa somente elas penetrar através do mais tortuoso toque de repousar, repousar sobre as pessoas com suas asas sensíveis e retrôs, cheia de bolinhas escuras a tocar a alma. A tocar profundamente a alma. Asseguro-me a sinceridade, e em todas as minhas poesias, descubro que precisamos com urgência de ‘produzir’, de ‘fabricar’ dezenas, centenas e milhares de joaninhas. Já dito! Precisamos pousar em cada de nossos seres, o amor que nossa modernidade não fabrica e não se preocupa e diz não sentir falta.
Ora, não sentimos falta...
Esses versos e sentimentos não podem mais ser alterados; Enfim: tenho falta do amor visível, tocável... encantado. Tentar arrancar a admiração cansada dos homens me desgasta o verbo.
Rubis, esmeraldas... pérolas... e com sorte, meu perfume errante, marcante que atormenta, ainda deve estar por ai, fazendo-o lembrar-te do conjunto: o cheiro e a emoção.
Ah, mas seria ficar menos homem assumir tal profundeza.
Desde que há cartas, tento por vezes tocar as almas. Tento por vezes tocar até a minha alma, mas certamente essa velha maneira profunda de cartas é muito velhas e muito profundas e muito cartas.
A culpa desse verso é meu erro: A rosa feita sem um orvalho; deve ser isso! Preciso de uma joaninha, de uma joaninha... de sua joaninha! Surpresos e encantados, talvez venham chamar de decadência esse precisar, mas o próprio coração estreito tem seus motivos, seus poemas, sua necessidade de amor.
O amor é uma força; e uma fraqueza também. O amor é um equilíbrio; E por mim, falares dessas confidências inertes não assustam mais as damas, mas sim os cavalheiros.
Verídico, sagaz, insano. Nossa modernidade ocupada, mecânica e inteligente só se seduz ao que é profundamente inteligente. Essa confusão de espíritos sobre a coisa do amor, a coisa de alma, e a coisa da coisa da coisa de todas as outras coisas conduz o homem à hábitos intangíveis as profundezas e à hábitos desinteressantes.
É assim, sempre assim. Se a preocupação fosse mesmo o amor, não teríamos nossa cultura saturada, rotineira e torturada pela ansiedade da falta de algo.
Sempre falta algo. Mas o quê afinal?....
O amor é um sentimento para velhos enfraquecidos cheios de esperanças e raridades.
A poesia se perde de pensar... quem sabe um pouco mais de perfume... quem sabe uma sentinela da joaninha... quem sabe abram-se por aí a porta profunda do amor.
Aqui, reduzida e vencedora pelas fraquezas do que é esse sentimento, em meu castelo espero a porta a abrir; em meu castelo útil e nada moderno... espero com meus versos de “l’amour”... a dose que sustenta minha vida.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sobre os reinos

Perfeitamente insensato, ali, tenho carregado o mundo nas costa através dessa janela. Se tu não me abriste ainda a porta, aqui estou sentindo perfeitamente o cheiro de teu suor.
Se ainda houvesse reinos, estaria agora num castelo pobre abandonado olhando pelas janelas grandes e imersas esperando por ti, junto ao teu cavalo. Mas o reino que me encontro e vejo, é ao contrário: é dessa multidão que segue para frente e para trás... Severamente indivíduos individuais inertes, intangíveis à alma. De certo, nesse novo reino moderno, todos carregam a filosofia como jóia rara, jóia cara, como o “carro do ano”. Mas quero dizer que a filosofia é um embrulho amassado, jogado no bolso da velha calça jeans e lembrada às vezes para dar um parecer.
Da janela me ponho a imaginar ao meio da multidão embrulhada, embutida, em massa: É sempre engraçado andar sem rumo entre pessoas com rumo. Poderias eu, fazer um crítica exigente a minha obra, mas você é de lá, da terra desenvolvida e dos melhores vinhos, de lá onde a roupa de inverno é moda o ano todo, de lá onde já lutaram pelo poder, pela história, pela liberdade e pela arte. E ilogicamente, surpreendo-me dessa janela de meu reino avulso e alvarás que tu, tão sábio e revolucionário não usaste de sua filosofia rara.
Todavia que deixemos histórias das histórias e filosofias de lado, mas história mais importante é a que tu foi capaz de fazer aqui com quem se sente nesse exato momento tola. Tola demais; por que é tolice acreditar no reino, nos castelos, nos príncipes e nos cavalos. Palpei com reverência teus olhos, tua boca, e as folhas que agora caem da árvore frente a minha janela. Elevei teu primeiro sorriso diante a mim, com imenso carinho acolhi tua palavra, acolhi tuas mensagens cercada com o fino gosto do amor e me recordei dos velhos tempos da velha poesia.
Apesar de ainda meus vinte e poucos anos, perfeitamente observo ainda por essa janela o reino que me cerca. A incurável pureza de minha alma não abandonas-me , e os líbidos sonhos desdenham toda a nossa atual hipocrisia. Sonhar ainda é belo, ainda é humano. Mesmo que lúdico, sonhar ainda é para poucos e para muitos também.
Mas sonhar puramente, é raro.
Tentando gastar minha poesia, minha energia, não altero se quer minha mente flutuante. Através daquilo que é extremamente natural a imaginação fértil, me traz emoção novas, cura as des emoções antigas, restaura velhos conceitos, faz surgir novos; fortalece e suporta a minha alma e fragmenta tudo aquilo que era certo. É assim: os fragmentos consiste através de sua confusão à nos mostrar novas saídas.
Erro meu! Bem que esses versos poderiam ter meu cheiro e meu sabor. Essas sensações e emoções somente eu sei que tenho. Como é doce e macio meu olhar ao teu. O verso de minha poesia soa bem. Mas eu queria convidar a multidão que observo dessa janela para estar em minha carne, em meus ossos, em minha pele, em minha alma e em meu coração. Creio que muitos sairiam a gritos e escândalos pelo o mundo a fora. Mas ao meu modo, apesar de meus vinte e poucos anos, sou de carne, osso e coração e não deixo de sonhar.
De sorte, que sonhos são melhores quando estão mais próximos da realidade, ou quando estão no “além de nós”: no espírito, com um canto, com cordas, os halteres, os violinos, os saxofones e as guitarras. Mas aqui, no reino ao contrário que vivo, tranquilamente espero-te, com seu cavalo invisível; Mesmo que ainda seja nesse lúdico e nostálgico sonho revolucionário e perfeito.

sábado, 5 de setembro de 2009

Sobre a alma

Desta vez, Maria, Mary ou Marie, descalça seus sapatos de salto alto.
Assim como os pés, a alma está cheia de calos. Parece castigo... caminha sutilmente com o peso que vão colocando sobre sua cabeça, sobre seu corpo e sobre seus pés. Caminha sussurrada, escondida numa vida sem graça, num mundo onde cavalos brancos ou pretos é seu sonho de liberdade. Caminha sobre o chão áspero, frio, nas pontas dos pés, como se não pudessem saber de sua presença; ou como se já soubessem, mas ela finge, e não quer fazer barulho; ou caminha nas pontas dos pés como se ainda estivesse sobre o salto alto.
Sobre o salto alto equilibra o corpo e a alma. Sem o salto alto, equilibra a alma. A alma cheia de calos. Segue em direção as escadas. Sobe a cada degrau com o sapato de salto alto em suas mãos. “Através dos sapatos, consegue-se saber muito de uma pessoa, através dos sapatos podemos saber onde ela foi, para onde ela vai, para onde ela quer ir”. Basta saber olhar, e interpretar. E você Maria, Mary, Marie... quem é você? Aonde quer ir? De onde viestes? Para onde vai? Para onde vai com o salto que não a deixa ao menos dar-lhe um salto adiante? Pisa firme, forte, segura, mas és uma sublime máscara cheia de beleza. Uma máscara advance, diante de algo belo, mas que não lhe traz conforto.
E agora, o salto em suas mãos querendo saltar para qualquer pé para dar-se a própria vida. E agora que estás descalças, com os pés firmes e sobre o chão. A cada degrau subido, quem tu és? Quem é você, já que não há mais nenhuma máscara bela, ou advance, ou sublime sobre os pés? Já que agora, descalça, não há o pisar firme e seguro, já que não há o desconforto? Quem tu és com os pés no chão?
Maria, quem somos com os pés no chão?
Mary, quem somos com os pés no chão?
Marie, quem somos com os pés no chão?
Desta vez, és o próprio pé, o próprio calo e o próprio chão. És um pé livre, com um chão imenso a percorrer.. a correr, a correr e caminhar junto aos cavalos brancos e pretos no bosque da vida. É um calo de alma. Uma alma de calo, cheia de calos, com algumas marcas de onde já caminhastes, com outras marcas de alguém que já a pisou com ferraduras nos pés deixando mais ferido, machucado.. ensangüentado. Alma cheia de calos, cheia de buracos. Na ponta dos pés, guarda os sapatos de salto alto. Na ponta dos pés os sapatos de salto alto ficam. Maria, Mary, Marie, equilibra o corpo e a alma. Alma cheia de calos; Calos cheio de alma.

sábado, 22 de agosto de 2009

A pergunta à fumaça


Trinta e um de julho de dois mil e nove, 10:11 Am, horário de Brasília. Mais precisamente hoje, estava eu posta num dos prédios do centro da cidade e observava os outros prédios que me cercavam. Eu fumava do meu cigarro de filtro vermelho. Tragava daquele cigarro como se fosse o último a ser tragado. Como se hoje, ali, naquele momento, fosse o fim de mim, como se fosse o meu fim. Sentia o gosto amargo de meu cigarro pelas coisas corriqueiras que eu mesma montei e tentava soltar-me, aliviar-me na fumaça em que fazia. O alívio imediato era-me causado, por que o que causa essa sensação de “estar mais calmo” para quem fuma, não é propriamente o cigarro. É claro que as substâncias contidas nas cigarrilhas ajudam a continuar a manter o vício, mas o que e mais preciso para que o alívio é a respiração. Fumava do cigarro respirando profundamente, sentindo-me bem viva e bem morta naquele fumar. Toda a minha angustia tentava soltar na fumaça em que eu fazia do cigarro. Foram quatro ou cinco tragadas do cigarro e a sensação temporária me ocorre: o alívio imediato.
Mas depois de incubir-me nos andares do prédio, precisava fumar mais um cigarro, precisava soltar mais um pouco da fumaça, precisava de respirar mais, pois já não esava mais aliviada.
Tudo isso por que me apaixonei por ti. Digo paixão, por que me refiro àquela coisa de tudo que é novo. Tudo aquilo que é novo, se interliga com "a posse", de precisar saber se ele está bem; se ele está dormindo bem; se está se alimentando bem; e precisar saber se ele pensa em mim. Digo paixão, por que ainda não conheço outro nome que possa representar o que sinto. Ainda não conheço ‘algo além’, mas na verdade pouco sabia do era paixão e ela foi-me apresentada de uma forma ao rara e encantada.
Uma forma rara e encantada. E ali, enquanto subia os andares do prédio, via sua imagem a cada instante, a cada degrau subido, a cada passo dado. O desenho de seu rosto, a cor e sua pele, o contorno de teus lábios, a expressão de sua testa mostrando curiosidade. Via sua imagem simples, sorrindo-me e com o mesmo olhar que fizera quando nos vimos à primeira vez.
Eu queria que meu mundo acabasse ali. Não enquanto fumava a angustia de meu cigarro, mas ali, enquanto olhava-te, enquanto sentia teus lábios aos meus, enquanto sentia tuas mãos nas minhas, enquanto sabia que eu era sua, enquanto apaixonava-me por ti.
O mundo não acabou, e não acabará por enquanto. Por enquanto sou obrigada a viver com a destruição do mundo que segue sempre adiante. Sou obrigada a ver noticias que não me agradam, sou obrigada a dizer “Bom dias” por educação a quem me responde com um sorriso forçado e mecânico e fala mal de minha morada em minha ausência. Sou obrigada a viver com que não admiro; Sou obrigada a aceitar o que você escolheu. Por enquanto vou vivendo assim: tragando de meu cigarro como se pudesse soltar sotlar minha vida na fumaça pra ver se alivia. E por enquanto não alivia, e por enquanto vou desenhando teu nome com minha fumaça.
Agora já é de noite, enquanto acendo mais um cigarro para pensar melhor, para escrever melhor e para dormir melhor, vou juntando as cinzas angustiadas que ficam ao chão. Vou juntando todas. Enquanto a fumaça corre solta do cigarro aceso em minha mão, vou fazendo as tais “bolinhas” que me ensinaram a fazer assim que comecei a fumar - isso há oito anos. Dizem que é coisa de iniciante, mas para mim, a vida é sempre um início. E assim vou montando as bolinhas, por que dizem também que quando elas saem em perfeito círculo, é por que alguém que você gosta pensa e está pensando em você. Fumo agora do meu cigarro, para aliviar a saudade, acreditando fielmente que as bolinhas em círculos perfeitos que saem de meu cigarro, é a resposta de minha pergunta.
As bolinhas vão surgindo, vão saindo e vão formando... Eu pergunto inconscientemente, e elas saem sem direção...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Diz o mestre:

“Resta-nos o amor. Nos momentos em que tudo o mais é inútil, ainda podemos amar, sem esperar recompensas, mudanças, agradecimentos. Se conseguimos agir desta maneira, a energia do amor começa a transformar o universo à nossa volta. Quando esta energia aparece, sempre consegue realizar o seu trabalho”.
Ame sem esperar recompensas.

P.C.

domingo, 19 de julho de 2009

O Susto


Todavia, a coisa que eu menos esperava, ocorreu-me. Como um susto que se leva quando criança como com medos de fantasmas acreditando fielmente que eles, os fantasmas, existem.
Eles existem.
Mas não fora se quer um fantasma, pálido ou negro de vulto aguçado pelas sombras que me deu esse susto. Da forma mais bela que pudesse me entregar, estava direcionando ao caminho. Caminhava calmamente, com pés firmes ao chão para saber bem, conhecer bem da terra que pisava. Olhava, observava cada movimento feito. Ouvia bem tuas palavras. Lia as bem também. Tentava descobrir que cheiro era o teu. Mas não sentia cheiro algum, e por ousadia, criava então o cheiro de pétalas vermelhas arrancadas de uma rosa do rosário extremamente aveludado. Esse era o cheiro que tinhas. E foi depois de criar teu cheiro que comecei a assustar-me. Assustei-me por que também criei que essas mesmas pétalas aveludadas da rosa vermelha, poderia ser as mesmas que me cobrisse no velório. Que me velasse na sepultura.
Mas pior ainda, é agora depois do susto, ver que é esse o cheiro que terás em tua morte.
E você, que nem se que nasceu por completo, está pensando em morrer no meio do caminho.
No meio do caminho que eu transitava entre pessoas feias, mal humoradas, umas belas, outras bem ou mal amadas. Caminhava com um único pensamento; com uma única certeza: a de não ter dúvidas, somente certezas.
Tenho certeza! Tenho certeza que vossa morada espere que não me cales, que eu corra; Que eu corra demais até cair, ralar os joelhos, machucar os cotovelos, quebrar os dentes. Tenho certeza que vossa morada tão eficiente nos detalhes, não apagara tão facilmente essa imagem. Tenho certeza que irá esperar no mesmo lugar de sempre. No mesmo lugar. Tenho certeza que querias esse coração aqui, meu, tão meu... tão feio e frio... Ensangüentado e machucado.
Tenho eu, essa certeza, as sua angustia pela vida e aflição de tua própria ansiedade, não deixaste ver a verdade: A realidade, como lhes disse em uma de nossas conversas “–A realidade é sempre outra”. A realidade, na verdade é outra. Sempre será. A realidade, é que não podemos nós, seres humanos tão inumanos, tão desumanos tirarmos nossas próprias conclusões. Achar que o rato não presta, só por que ele é feio. Achar que o príncipe porque é belo, te farás feliz para sempre. E a princesa, ah, a princesa, não se pode achar que é perfeita como uma porcelana.
A realidade, na realidade é que deverias vir a mim e não aos seus próprios pensamentos.
A verdade na realidade, é que agora, envergonho-me até de minha sombra, que estava acreditando que o mundo podia ser melhor. Tenho certa pena de mim, mas não me culpo como a principal do drama. Tenho pena, pois estou velha, cheia de cabelos brancos, começando a enrugar a pele e ainda tão inocente; Sonhadora diante a vida, diante a morte. Diante as muitas mortes.
Mais uma vez, morri.
Todavia, a coisa que eu menos esperava, ocorreu-me. O susto de mais uma morte. Mas não se surpreendas acreditando que agora já era de mim. Não sei bem quantas vidas tenho, e nem quantas já vivi. Mas não será desta vez, que verás minha alma querendo grudar na sua.
Tenho bom senso. Posso ser ainda inocente, criança até, mas não sou tonta. Pelo menos não por enquanto a ponto de saber que sou ou não.
Só queria compreender por que não me compreendes. Por que enquanto olho-me no espelho, não compreendo. Enquanto vou olhando, não reconheço meus traços, minha pele, minha boca, meu olhar. Não reconheço nem mais meu corpo, que se transforma numa constante eloqüente transformação. Por que não compreende?
Por que não compreendes o que ocorreu?
Todavia, o que eu menos esperava, ocorreu-me: não o pudor de ser os fantasmas que assustam a minha própria alma, mas o pudor de uma linda e bela flor nascendo da terra... nascendo como se fosse ser dona do mundo. Dona do mundo. Como se fosse o próprio mundo, a própria terra, a própria flor. Todavia, as cores que não conheço. Vou contar-lhes o que ocorreu: com o maior medo do mundo, de meu próprio espelho, o susto: apaixonei-me por ti.

sábado, 18 de julho de 2009

A testa franzida

A testa franzida era sinal de preocupação.
Disperso, começa-lhe o comentário da vida. Há toda uma apresentação, tanto para o discurso, tanto para a vestimenta, e ambos começam um tanto formal.
Formalidade que se perdera durante o percurso e que tivera seu retorno quando menos esperava e menos precisava.
Excesso de formalidade: esse fora um de seus principais temas que chamara a atenção para aquela moça. A moça, que gostava e valorizava as coisas mais diversas da vida. Tinha dons para admirar a arte: escrita, música e desenho eram seus fortes. Muitos achavam muitas vezes que ela era sábia, que era ela misteriosa, que era diferente. Que era estranha ou doida demais no seu mundinho. Mas muitos dos que achava, pouco quiseram saber algum por que, ou e o que realmente era. Era pensadora. Filosofa podemos dizer, e sempre dizia: - Eu leio a vida.
Carregava sempre seus livros. E para dar-lhe maia atenção absoluta, a música contemplava a vida da moça com seu eletrônico que carregava para todos os cantos. E toda vez que tinha a companhia dele, pensava: economizei baterias.
Não se sabe o porquê ele se aproximara tão intensamente àquela menina. Ele, nada tinha a ver com ela. Nem a amizade naquele momento tinha em comum. A única coisa que semelhava ambos era o vazio. Os dois ali, vivendo exatamente o mesmo vazio. O mesmo momento de invalidez pelas coisas e para as coisas.
Era difícil defini-lo ou desenhá-lo. Nem ela ao menos sabia por qual natureza a sua pertencia. Mas ele... Ele era comum. Já tinha vivido um pouco da vida de outra forma. Ele: tinha a testa franzida.
Rapaz jovem, moderno, falava bem de si mesmo. Tinha o corpo meio atlético, os braços engrossados pelo excesso de peso da vida, e os olhos por de trás das lentes de teus óculos de grau. Ela via e criava imagens diante as conversas que começaram a acontecer sucessivamente. Ela imaginava todas as histórias dele, as conversas, as piadas, todos os seus “porém” atrás de suas lentes.
O rapaz, com o tempo deixou sua presença constante. Era como se ambos não conseguissem mais se separar e viviam juntos a cada ida, a cada volta, a cada olhar, a cada pensamento. A cada momento. Era como se ambos se pertencessem um ao outro. Era como se fosse.
Bem que ela tentou dizer-lhes que era esperta e já tinha percebido algumas de suas falhas: sua testa franzida a fazia perceber que ele era alguém que se preocupava demais com os pareceres aleatórios. Mas o respeitava, por que ele era natural com ela.
Naturalidade é algo que conquista quando se está distraído.
Foi num dia chuvoso que à volta para casa e a percepção daquela moça foi diferente: Em meio à ritual despedida com o beijo no rosto, o rapaz erra o caminho. E de propósito, segura sua cintura para não escapar. Num susto só, a vida por um instante pára. Ela podia ver a cena, como se fosse a própria espectadora: a boca dele encosta-se à dela, ela em desordem, se equilibra em seus sapatos de salto alto preto, segurando os seus livros e seu caderno tenta rapidamente entender; E logo entende: O guarda chuva vermelho que protegia da chuva escorrega das mãos que não sabem mais onde segurar. E o beijo. O beijo. Sentia como se a vida por surpresa fosse lhe retirar a alma. Mas as mãos daquele rapaz a fazia sentir que estava ali, e com todas as almas possíveis. Isso por que sempre achara que tivera somente uma.
Enquanto a chuva molhava seus rostos, o beijo acontecia. O beijo. Nem teve muito tempo de pensar, era somente o frio na barriga que sentia e sentia que era bom. Como era bom.
E depois do beijo. E depois do beijo, com um sorriso interrogativo segue seu caminho e se questiona: por que ele beijou-me? Por que o deixei beijá-lo e o beijei? Era simples. Era tão simples colocar para fora o que pensava, sentia ou sei lá. Sei lá. Podemos chamar de impulso. Mas complicar é mais simples ainda. E depois do beijo, continuou ele a seus afazeres e ela aos seus com a interrogação exposta.
Não sabia bem ela como deveria reagir com ele no dia seguinte. Será que haveria dia seguinte? Será que ele gostava dela? Será que ela gostava dele? Será que aquele era um simples beijo, ou era um beijo sério? Será que ele brincava com ela? Será que ele confundiu tudo e queria dividir essa confusão? Será? Ou será que não era nada disso.
Não era nada disso.
A companhia que os dois se faziam havia ficado mais interessante. Vieram convites de saídas; trocas de mensagens; várias outras despedidas. Veio-se então a expectativa. Mesmo sem compreender ela dava de sua vida de uma forma natural. Foi muito rápida e intensa a forma de vida que começaram a levar.
Ele logo deixou a testa franzida de lado, e ela mostrava um rosto menos sério. Economizava agora todos os dias, as suas baterias que usava em seu eletrônico. Foi intenso. Intenso. Sentiam os dois, sede por ‘aqueles’ mundo. Mas foi temporário.
Tudo que ela, a moça dos livros e da curiosidade pra vida queria era saber o que ele queria; o que ele sentia; qual eram suas intenções. O seu mundo é moderninho, mas não entendia por que num dia eles eram amigos comuns, num outro ele a olha profundo e num outro ele a beija e em num outro ele segura sua mão ao atravessar a rua; a chama para sair, e num outro dia a deixa esperando.

Mundo moderno.

E num piscar dos olhos seu eletrônico volta a ser sua precisa companhia. E num piscar dos olhos a testa dele volta a ser franzida. E num piscar dos olhos, voltam-lhes a formalidade: O vazio.
Boquiaberta ela ficou; E boquiaberta ainda está. Querendo simplesmente entender o que deve ser entendido, pois seus “bons dias” não lhe dizem nada. Seus olhares também não lhe dizem nada.
Boquiaberta, com seu cigarro aceso, ela lê seus livros: Lê a vida. E ele, simplesmente mantém a testa franzida.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Qualquer carta de amor, é ridícula. F.P

É assim que podemos começar: Eu amo-lhe.
Amo, como quem nunca amou alguém. Como quem sente o amor entrando na alma; Sendo o próprio amor, sendo a própria alma.
Amo, como se já soubesse amar.
Como se soubesse a quem posso amar.
A quem posso amar?
A quem posso amar, já que eu tenho costume de deixar o amor aqui todo meu, Como se fosse algo totalmente proibido, e carrego numa caixiinha. Escondo. Numa pequena caixinha que carrego no bolso do casaco preto. Na bolsa bege ou vermelha. Carrego sem ninguém saber. Sem ao menos eu mesma saber.
Carrego nessa caixinha tão pequena, e tão sem cor, o amor da vida, o amor da morte. O amor. Camuflado em máscaras, em caixas, em vícios, solto pelo mundo. Solto; Liberto, como se pudesse voar.
E ousa-se voar. As asas do amor que ele ao tem; A graça de ser livre que ele não tem. E voa. Bate asas, para um lugar qualquer, para um mundo qualquer, para um canto qualquer.
Para um canto, onde possa verdadeiramente amar.
Essa é mais uma carta de amor. Uma ridícula carta. Eu amo-lhe.