sábado, 20 de junho de 2009

A vida

Elizabeth traga seu cigarro no mais suave ar. Bem assim: É como se frases ao certo tentassem acordar, despertar aquilo que é essência, que é real, porém está adormecido e num sono bem profundo. Solta a fumaça da boca lentamente lembrando daquilo que é a própria coisa rara: A vida.
Quem ai de entender? Decifrá-la, respondê-la e traduzir não é a missão. Coloca o resto do cigarro no cinzeiro e pensa em Deus, que tentou com seu corpo dar-nos razão absoluta. Há quem duvide. Há quem “tanto faz”. E há quem viva em função única. Queria acender outro cigarro, mas seguiu seu caminho. Meio a multidão, alguns engravatados, alguns de salto alto, alguns ao chão, alguns vestido de estátuas e muitos outros marchando em meio e em prol ao nada; cada vez mais nada. Vira as esquinas, caminha sobre as ruas tortas, descascadas, sobre aquilo que um dia cobrirá a todos: a terra em que pisa. Caminha o lado daqueles que tem nos olhos a mais pura vagues. Ao lado de quem só consegue ver a si mesmo, de quem vê aquilo que é importante para os seus eu’s. Somente para os seus eu’s. A cada rosto, olha sério. Meio ao povo nu marchando ao esmo e com rostos camuflados, Elizabeth pára. Não havia nenhuma pedra no meio do caminho. Nenhuma estatua humana no caminho. Nem mendigo; Não havia nada que parasse Elizabeth ali. Nada, sempre o nada.
Mas Elizabeth pára, por que olha pro céu. Lembra que é mais uma na multidão. É mais uma: igual a todos. Talvez uns mais pensantes; Talvez uns menos pensantes. Uns que duvidam da vida, outros que duvidam da morte. A vida e a morte, - Eu não sei. E se soubesse, não contaria.
Assim Elizabeth termina: - A própria coisa rara: A vida. A vida... A vida. Lentamente. Com seu isqueiro amarelo, acende outro cigarro. Sopra a fumaça do cigarro dizendo: a vida. Lentamente; Lenta-mente a vida.