domingo, 20 de julho de 2008

Percepção

Vinha eu assim distraída pela vida. Caminhando com minha rotina acirrada e decorada. Com todas as fragmentações da vida, justo naquele dia, estava eu distraída. Dentro de trânsitos caóticos, embutida de miséria e luxúria, estava eu: Distraída. Não poderia, além de estar cansada por ‘massacres’ diários que punham no caminho. Estava em dia de glória, sendo uma coisa rara.
Não me intensifico nessa minha tal raridade. Mas por puro carinho: Observo! Observar é ser livre, sejam de seus anseios e conceitos. Observar é para poucos.
Fui percebendo que também estava sem esforço algum percebendo o que estava a minha volta. E enquanto ia percebendo era quase palpável essa insana ventura. Sem receios, sem regra, ou preciosismo. E sem o menor senso de superioridade ou igualdade, em instantes via-me em pânico.
Só porque te olhei.
E controlava-me para não dar um grito. Sentia que naquele instante, que meu coração parava. Era quase como se eu já o – entregasse ali, nu e cru. Quase corria de medo, e totalmente cega entre as pessoas que me cercavam e me rodeava, eu quase não queria mais ver. Mas calmamente me coração calava-se. Perplexa, continuei a viver. Ilogicamente um nexo me ligava a minha distração, aquele olhar e meu desespero em silêncio. Não costumo ser o tipo de ‘gente’ que precisa ser lembrado das coisas. Mas quando isso acontece, revejo-me em conceitos. Mas nesse temor que estavam tentando me lembrar de algo, se no acaso distraída, admirada ou em desespero não conseguiria por mais tempo manter a linha de raciocínio. Não conseguiria.
Não esqueço daquilo que é sangue, daquilo que é carne e daquilo que é emocional.
Continuei indo por aí, em segredo, calada. É porque sempre tento chegar pelo o meu modo. Já estava entregues aos ‘nexos’, podia a vontade e sem restrição, encará-lo. Não pensando que estaria pronta para minha própria imaginação. Aquilo que não era meu. Não era. Talvez, seja preciso que digam e me gritem com mais brutalidade: deixe de lado essa teimosia.
No encanto, sustento a idéia que foi-me pega em surpresa. Surpresa agora que vos - digo com muita ironia, sou possessiva. E nada disso me possui. Talvez o desespero se mantenha aquilo que é novo; Aquilo que é desconhecido. Talvez essa minha natureza seja errada, ou talvez ela seja certa. Talvez eu ainda seja delicada demais. Talvez eu estivesse somente distraída, querendo compensar uma terra menos violenta. Só porque te olhei! E por enquanto ainda olho, admirada, porque o jogo de minha vida é sempre o contrário. E enquanto eu inventar dá os teus olhos de menino a mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

hummm..senti uma certa diferença em relaçao aos outros textos..

..e gostei!

bj.