Trinta e um
de julho de dois mil e nove, 10:11 Am, horário de Brasília. Mais precisamente
hoje, estava eu posta num dos prédios do centro da cidade e observava os outros
prédios que me cercavam. Eu fumava do meu cigarro de filtro vermelho. Tragava
daquele cigarro como se fosse o último a ser tragado. Como se hoje, ali,
naquele momento, fosse o fim de mim, como se fosse o meu fim. Sentia o gosto
amargo de meu cigarro pelas coisas corriqueiras que eu mesma montei e tentava
soltar-me, aliviar-me na fumaça em que fazia. O alívio imediato era-me causado,
por que o que causa essa sensação de “estar mais calmo” para quem fuma, não é
propriamente o cigarro. É claro que as substâncias contidas nas cigarrilhas
ajudam a continuar a manter o vício, mas o que e mais preciso para que o alívio
é a respiração. Fumava do cigarro respirando profundamente, sentindo-me bem
viva e bem morta naquele fumar. Toda a minha angustia tentava soltar na fumaça
em que eu fazia do cigarro. Foram quatro ou cinco tragadas do cigarro e a sensação
temporária me ocorre: o alívio imediato.
Mas depois
de incubir-me nos andares do prédio, precisava fumar mais um cigarro, precisava
soltar mais um pouco da fumaça, precisava de respirar mais, pois já não esava
mais aliviada.
Tudo isso
por que me apaixonei por ti. Digo paixão,
por que me refiro àquela coisa de tudo que é novo. Tudo aquilo que é novo, se
interliga com "a posse", de precisar saber se ele está bem; se ele
está dormindo bem; se está se alimentando bem; e precisar saber se ele pensa em
mim. Digo paixão, por que ainda não conheço outro nome que possa representar o
que sinto. Ainda não conheço ‘algo além’, mas na verdade pouco sabia do era
paixão e ela foi-me apresentada de uma forma ao rara e encantada.
Uma forma rara
e encantada. E ali,
enquanto subia os andares do prédio, via sua imagem a cada instante, a cada
degrau subido, a cada passo dado. O desenho de seu rosto, a cor e sua pele, o
contorno de teus lábios, a expressão de sua testa mostrando curiosidade. Via sua
imagem simples, sorrindo-me e com o mesmo olhar que fizera quando nos vimos à
primeira vez.
Eu queria
que meu mundo acabasse ali. Não enquanto fumava a angustia de meu cigarro, mas
ali, enquanto olhava-te, enquanto sentia teus lábios aos meus, enquanto sentia
tuas mãos nas minhas, enquanto sabia que eu era sua, enquanto apaixonava-me por
ti.
O mundo não
acabou, e não acabará por enquanto. Por enquanto sou obrigada a viver com a
destruição do mundo que segue sempre adiante. Sou obrigada a ver noticias que
não me agradam, sou obrigada a dizer “Bom dias” por educação a quem me responde
com um sorriso forçado e mecânico e fala mal de minha morada em minha ausência.
Sou obrigada a viver com que não admiro; Sou obrigada a aceitar o que você
escolheu. Por enquanto
vou vivendo assim: tragando de meu cigarro como se pudesse soltar sotlar minha
vida na fumaça pra ver se alivia. E por enquanto não alivia, e por enquanto vou
desenhando teu nome com minha fumaça.
Agora já é
de noite, enquanto acendo mais um cigarro para pensar melhor, para escrever
melhor e para dormir melhor, vou juntando as cinzas angustiadas que ficam ao
chão. Vou juntando todas. Enquanto a fumaça corre solta do cigarro aceso em
minha mão, vou fazendo as tais “bolinhas” que me ensinaram a fazer assim que
comecei a fumar - isso há oito anos. Dizem que é coisa de iniciante, mas para
mim, a vida é sempre um início. E assim vou montando as bolinhas, por que dizem
também que quando elas saem em perfeito círculo, é por que alguém que você
gosta pensa e está pensando em você. Fumo agora
do meu cigarro, para aliviar a saudade, acreditando fielmente que as bolinhas
em círculos perfeitos que saem de meu cigarro, é a resposta de minha pergunta.
As bolinhas
vão surgindo, vão saindo e vão formando... Eu pergunto inconscientemente, e
elas saem sem direção...
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