Elizabeth traga seu
cigarro no mais suave ar. Bem assim: É como se frases ao certo tentassem
acordar, despertar aquilo que é essência, que é real, porém está adormecido e
num sono bem profundo. Solta a fumaça da
boca lentamente lembrando daquilo que é a própria coisa rara: A vida.
Quem ai de entender?
Decifrá-la, respondê-la e traduzir não é a missão. Coloca o resto do
cigarro no cinzeiro e pensa em Deus, que tentou com seu corpo dar-nos razão
absoluta. Há quem duvide. Há quem “tanto faz”. E há quem viva em função única. Queria acender outro
cigarro, mas seguiu seu caminho. Meio a multidão, alguns engravatados, alguns
de salto alto, alguns ao chão, alguns vestido de estátuas e muitos outros
marchando em meio e em prol ao nada; cada vez mais nada. Vira as esquinas,
caminha sobre as ruas tortas, descascadas, sobre aquilo que um dia cobrirá a
todos: a terra em que pisa. Caminha o lado daqueles que tem nos olhos a mais
pura vagues. Ao lado de quem só consegue ver a si mesmo, de quem vê aquilo que
é importante para os seus eu’s. Somente para os seus eu’s. A cada rosto, olha
sério. Meio ao povo nu marchando ao esmo e com rostos camuflados, Elizabeth
pára. Não havia nenhuma pedra no meio do caminho. Nenhuma estatua humana no
caminho. Nem mendigo; Não havia nada que parasse Elizabeth ali. Nada, sempre o
nada.
Mas Elizabeth pára,
por que olha pro céu. Lembra que é mais uma na multidão. É mais uma: igual a
todos. Talvez uns mais pensantes; Talvez uns menos pensantes. Uns que duvidam
da vida, outros que duvidam da morte. A vida e a morte, -
Eu não sei. E se soubesse, não contaria.
Assim Elizabeth
termina: - A própria coisa rara: A vida. A vida... A vida. Lentamente. Com seu
isqueiro amarelo, acende outro cigarro. Sopra a fumaça do cigarro dizendo: a
vida. Lentamente; Lenta-mente a vida.
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